segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Dos homens maus

Ela tem vinte e oito anos e um coração de menina que ainda não sabe que há homens maus.
Ele tem quarenta e dois e gosta de brincar com os corações de meninas como ela.
Ela está apaixonada como nunca a vi, toda a expressão dela é paixão e borboletas no estômago, até o rosto anda mais iluminado desde que namoram.
Ele tem a escola toda, bom ar, sorriso fácil, boas maneiras, fez questão de ao fim de duas semanas assumir o namoro perante a família dela, representa na perfeição o papel do bom rapaz.
Quando lhe pus os olhos em cima, sem ele desconfiar sequer que sei quem ele é e que a menina com quem ele anda a brincar é a minha prima caçula, tirei-lhe a pinta. Suspeito sempre de quem é perfeito demais e principalmente de um homem vivido que faz questão de tanta intimidade familiar ao fim de tão pouco tempo. Se calhar são cismas minhas, mas tenho sempre medo dos bons moços, são sempre esses que cravam a faca mais fundo.
E eu gostava de lhe poder dizer para se afastar dele, gostava de a poder prevenir para o sofrimento que vem por aí, explicar-lhe que o homem que ela ama faz parte daquele grupo de homens que nascem com uma falha grave de carácter e que se divertem a brincar com meninas como ela. Mas não posso, ela está demasiado deslumbrada e apaixonada para acreditar no que quer que seja, senão nele.
Resta-me assistir e pedir para que a minha intuição esteja errada e que aquela menina doce e de coração puro não venha a ficar um farrapo daqui a alguns meses.

1 comentário:

  1. Vai correr bem...
    Se não correr eu tenho um taco de baseball que te posso emprestar...

    ResponderEliminar