quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A ingratidão

A ingratidão é uma das piores características do ser humano. E a pior é a que vem das pessoas que nos são mais próximas e de quem menos esperávamos. Começo a acreditar que ser egoísta é muito mais fácil.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pior do que uma D. Dolores só duas D. Dolores

Um dos meus afilhados, o do meio, e para grande orgulho da madrinha,  já veste a camisola do meu FCP, com contrato assinado, treina com a equipa dos sub-17 e foi este ano um dos escolhidos para vestir a camisola da selecção nacional dos sub-15. Sou uma madrinha babada, que só deseja que o miúdo tenha toda a sorte do mundo, que continue a representar o FCP e um dia destes me apresente o Pintinho, que ele não há-de finar-se sem me conhecer. Para além de um excelente jogador, o miúdo é giro, muito giro, é um verdadeiro pintas e vai ser um ver se te avias com as miúdas. Já lhe disse que não precisa de se enfrascar com a primeira gaja que lhe aparecer à frente (ou na cama, vá), que namore muito, que faça muitas gajas felizes, mas que não se atraque a nenhuma árvore de Natal, que para isso já lhe basta a mãe e a avó, que me vão dar água pelas barbas para controlar os estragos. Já as estou a ver agarradas aos Vuitons, a assoar o nariz e a limpar as lágrimas quando o miúdo começar a receber prémios em galas transmitidas pela televisão (porque sem galas já ele tem recebido muitos).
Também lhe disse que pode contar com a madrinha para negociar os contratos e para assistente pessoal, até porque quero ver se as D. Dolores da família não me estragam o moço e ele não ganha aquele ar de azeiteiro como o outro, nem embandeira em arco a pensar que é a última bolacha do pacote, porque se há coisa que me tira do sério são putos com a mania que são bons, o que para já não é o caso, mas nunca sabemos como vai ser o dia de amanhã. E cada vez mais acredito que o Senhor escreve direito por linhas tortas, porque iluminou a mãe da criança e a fez escolher-me para madrinha, porque não quero sequer imaginar o que seria do miúdo nas mãos de D. Dolores mãe e D. Dolores avó, sem a interferência de uma alma de pés assentes na terra e com a noção do ridículo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

É só consumições

Os homens que passaram e passam pela minha vida têm categorias bem definidas no que toca à relação que tenho com eles. Ou são namorados, ou amigos, ou amigos coloridos.
Os namorados têm obrigatoriamente que ser também amigos (e dos melhores) senão a coisa não funciona. A minha relação com eles implica (ou inclui) tudo aquilo que é suposto: amor, amizade, tesão, paixão e muito sexo.
Os amigos são amigos. Fazem parte da minha vida, sabem que podem contar comigo e eu sei que posso contar com eles, aturam as minhas merdas, aceitam os meus defeitos e beneficiam com as minhas qualidades. Não nos falamos todos os dias, podemos passar longos períodos de tempo sem nos vermos, mas sabemos que estamos lá uns para os outros quando é preciso. Os amigos para mim são gajas, não me enrolo com eles e não tenho sequer vontade de o fazer.
Os amigos coloridos são os gajos que fazem parte da minha vida com um único objectivo: fazer-me bem à pele. Há entre nós uma certa amizade, nutro por eles algum carinho (gosto de os saber felizes), mas encontra-mo-nos apenas para umas boas cambalhotas. Funcionamos bem na cama, mas fora dela nada mais seria possível. Tão simples quanto isto.
Quando conheço alguém novo, facilmente consigo definir em qual destas categorias o incluo, mas anda aí um Mr. Big a baralhar-me o esquema (e claro está que tinha que ser um "bom rapaz"!). Ora pois que diz que não quer ser só amigo colorido, que isso não lhe chega, mas também não quer ser namorado. Mas amua e diz-se magoado se não lhe dou a atenção que (só) se dá a um namorado. Diz ele que podemos ser amigos, mas com a parte da cama e dos mimos à mistura e eu já lhe expliquei que não me enrolo com os amigos. Mas a criatura não entende e anda a mexer-me com os nervos. E eu não sou, nem tenho a paciência de uma Carrie e também já não tenho idade para estas merdas, nem para aturar gajos que não sabem o que querem da vida. (A bem da verdade, não é da idade, nunca tive paciência para gajos que parece que querem, mas não sabem se podem.)
E ando para aqui feita José Castelo Branco que não sei que faça, nem sei que diga.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Deus nos livre dos bons rapazes

Dos pinga amor estamos sempre à espera do pior e criamos, instintivamente, defesas que não deixam os nossos frágeis corações cair na lábia dos senhores. Até damos umas cambalhotas com eles, andamos entretidas por algum tempo, mas como sabemos do que a casa gasta, não caímos nunca na asneira de pensar que o amor é lindo e que o amanhã existe.
Já com os bons rapazes a conversa é outra. Chegam de mansinho, dizem as coisas certas, tratam-nos como princesas, revelam-se as nossas almas gémeas, conquistam-nos com as suas boas maneiras e com o seu carácter (quase) imaculado, fazem-nos acreditar que o amanhã pode existir e quando já estamos pelo beicinho e já lhes pusemos nas mãos o nosso coração, pegam nele e atiram-no pela janela. Os bons rapazes são os que nos fazem apaixonar por eles e que se estão a borrifar para se vamos, ou não, sofrer quando se cansarem da novidade (que somos nós). Os bons rapazes são os que nos prometem a lua mesmo sabendo que não há vaivém que faça a viagem. Os bons rapazes são, salvo raríssimas excepções, a nossa desgraça.
Deus nos livre dos bons rapazes, a vida é tão mais fácil sem eles.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mais uma vez, o coninhas

Pior do que um coninhas, só dois coninhas.
Senhor, dai-me paciência! Dois coninhas a discutir o sexo dos anjos e eu a segurar-me para não lhes arrancar os olhos aos dois, com a colher do iogurte! É um ceguinho com outro pela mão!
Já esgotei a minha capacidade de respirar fundo por hoje, isto não vai acabar bem.
O Senhor podia castigar-me com um gajo jeitoso que me cansasse o corpo, mas não, manda-me dois conas para me cansar a mente.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Da ternura dos quarenta I

Ele:  Sabes, quando ia a tua casa jantar não era por causa da tua amiga?
Eu: Não? Então?
Ele: Estás mesmo a leste, não estás?
Eu: Desculpa, mas acho que estou a ter o meu momento loiro.
Ele: Eu nunca quis a tua amiga, sentia-me atraído era por ti, mas tu não estavas nem para aí virada e a tua amiga a fazer-se a mim, eu com a cabeça a mil, deixei-me ir... Por isso é que com a tua amiga não deu. Não passou de uma noite de sexo, ela é que não percebeu.
Eu: Se calhar tinha percebido se lho tivesses dito claramente.
Ele: Pois, eu sei. Mas sabes como é, andava com a cabeça a mil, muitas coisas mal resolvidas e eu não soube lidar com a situação.
Eu: ...
Ele: E não dizes nada?
Eu: Queres que diga o quê? Estás a reinar comigo, não estás?
Ele: Porque estaria? Estou a falar a sério. E depois quando te vi no outro dia, bem... não sabes como tenho andado.
Eu: Sempre te achei um pedaço de mau caminho, mas nunca nos vi assim. Nem nunca me passou pela cabeça que te sentias atraído por mim.
Ele: E porque não?
Eu: Olha, porque... Sei lá, porque não.
Ele: Pois, mas sinto. E agora que já sabes, o que vamos fazer?
Eu: Sei lá! Coisas difíceis logo a começar o ano... tenho que dormir sobre o assunto.Deixa correr, logo se vê.
Ele: Então pensa no que te disse. Mas pensa com carinho, sim? E não demores muito a dar notícias.

Foi preciso chegar aos quarenta para perceber que, às vezes, também eu ando na horta e não vejo as couves.
E mais uma vez a prova de que os homens serão sempre uns meninos. Não são capazes de dizer claramente o que querem e deixam-se ir só para não estarem sozinhos.