quarta-feira, 4 de março de 2015

Do mês de Março

O mês de Março é assinalado como o mês da Mulher. O mês de Março devia ser todos os meses do ano, todos os dias das nossas vidas. O mês de Março devia ser a educação e a formação cívica que se dá às nossas crianças, ensinando-as desde o berço que Homens e Mulheres são iguais, que o respeito deve ser mútuo, que não se agride o nosso semelhante.
Em Israel as mulheres só se podem divorciar se o marido lhes der permissão. Como não há casamento civil, o casamento religioso não lhes confere a liberdade de pôr termo ao casamento sem que o marido o autorize. Uma mulher israelita pode levar anos até conseguir que o tribunal lhe permita, enquanto mulher divorciada, viver na legalidade.
Na Índia todos os dias meninas com menos de 10 anos são vendidas pelas famílias e obrigadas a casar com homens com idade para serem seus avós. Todos os dias mulheres são violadas e mortas, porque os homens entendem que a sua condição de mulher assim o permite.
Em África todos os dias centenas de meninas são excisadas, uma violência que leva à morte de muitas delas. E porquê? Porque quem o faz entende que não é suposto as mulheres sentirem prazer. O que mais me choca? O facto destes actos bárbaros serem perpetrados por mulheres, a mando dos homens.
Em Portugal, todos os dias milhares de mulheres continuam a sofrer em silêncio às mãos de maridos, namorados e companheiros, que as agridem, humilham e muitas das vezes acabam por as matar. Em Portugal sabemos que a vizinha, a amiga, a prima, a irmã, a mãe são vítimas de violência doméstica, mas continuamos a virar a cara e a não denunciar estes casos. Se as vítimas não o denunciam, porque havemos nós de o fazer? É essa a desculpa, não é? Levantar a voz, fazer algo por quem não se consegue ajudar a si próprio, dá trabalho e  requer uma coragem que muitos de nós não tem.
O ser humano conseguiu feitos gigantescos em variadíssimas áreas, só ainda não conseguiu o maior dos feitos: incutir nos seus descendentes o princípio da igualdade, o respeito pelo próximo como seu semelhante, independentemente do sexo, raça ou credo.

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