segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Da ternura dos quarenta I

Ele:  Sabes, quando ia a tua casa jantar não era por causa da tua amiga?
Eu: Não? Então?
Ele: Estás mesmo a leste, não estás?
Eu: Desculpa, mas acho que estou a ter o meu momento loiro.
Ele: Eu nunca quis a tua amiga, sentia-me atraído era por ti, mas tu não estavas nem para aí virada e a tua amiga a fazer-se a mim, eu com a cabeça a mil, deixei-me ir... Por isso é que com a tua amiga não deu. Não passou de uma noite de sexo, ela é que não percebeu.
Eu: Se calhar tinha percebido se lho tivesses dito claramente.
Ele: Pois, eu sei. Mas sabes como é, andava com a cabeça a mil, muitas coisas mal resolvidas e eu não soube lidar com a situação.
Eu: ...
Ele: E não dizes nada?
Eu: Queres que diga o quê? Estás a reinar comigo, não estás?
Ele: Porque estaria? Estou a falar a sério. E depois quando te vi no outro dia, bem... não sabes como tenho andado.
Eu: Sempre te achei um pedaço de mau caminho, mas nunca nos vi assim. Nem nunca me passou pela cabeça que te sentias atraído por mim.
Ele: E porque não?
Eu: Olha, porque... Sei lá, porque não.
Ele: Pois, mas sinto. E agora que já sabes, o que vamos fazer?
Eu: Sei lá! Coisas difíceis logo a começar o ano... tenho que dormir sobre o assunto.Deixa correr, logo se vê.
Ele: Então pensa no que te disse. Mas pensa com carinho, sim? E não demores muito a dar notícias.

Foi preciso chegar aos quarenta para perceber que, às vezes, também eu ando na horta e não vejo as couves.
E mais uma vez a prova de que os homens serão sempre uns meninos. Não são capazes de dizer claramente o que querem e deixam-se ir só para não estarem sozinhos.

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