quarta-feira, 19 de março de 2014

Não, o meu pai não é o melhor do mundo

Diz que hoje é dia do pai. Eu, ao contrário da maioria das pessoas, não vou dizer que o meu pai é o melhor do mundo. Não é. O meu pai, que é também pai do meu irmão e de mais três filhos, nunca soube efectivamente ser pai. Foi sendo pai porque algumas das muitas mulheres com quem se envolveu se deixaram engravidar e lhe foram dando filhos. Não foi diferente com a minha mãe, mas com ela acabou por casar e conseguir assim uma empregada a tempo inteiro. O meu pai não foi pai por opção, foi pai por força das circunstâncias e isso é o que define o pai que se vai ser daí para a frente. Um pai que não tem a capacidade de fazer o mínimo sacrifício pessoal, financeiro ou emocional  pelos filhos pode verdadeiramente ser chamado de pai? Um pai que não sabe nunca orgulhar-se dos filhos e ter uma palavra de conforto ou incentivo quando os filhos mais precisam pode verdadeiramente ser chamado de pai? Não me parece.
Aprendi cedo a lidar com este não saber ser pai do meu pai, mas o meu irmão continua até hoje a não aceitar e a sofrer com isso. Tenho a certeza de que o meu irmão vai ser, um dia, o melhor pai do mundo, porque vai saber exactamente o que faz falta a um filho para que sinta que tem verdadeiramente um pai.
Não é pai quem quer, é pai quem o sabe ser.

3 comentários:

  1. O meu Pai também raramente foi o melhor do mundo. Acho que ele se achava o melhor do mundo em muitas outras coisas mas ser pai não o fascinava muito. Isso era coisa de mulheres. Nós, os filhos, fomos filhos na mesma medida. Triste, não é?

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  2. É verdade, acabamos, como filhos, por não conseguir ser melhores do que eles como pais.

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  3. No fundo tiveste um progenitor e não um pai.

    :)

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