segunda-feira, 7 de julho de 2014

Não te iludas

E de repente, por conta do cheque que o teu pai te passou para as mãos, voltaste a ser feliz. A vida já é outra vez maravilhosa, já podes voltar a "dar-te" com os do costume, já podes fazer bonito outra vez. As férias aí à porta, planos de uma semana em algum dos destinos mais badalados, onde possas ver e ser visto. A miúda nova a tiracolo, muitas palavras bonitas, as mesmas que dizes a todas aquelas com quem te enrolas, nem nisso consegues ser original. E eu pergunto: e quando se acabar o dinheiro? Dou-te um mês até recomeçarem as lamentações. A vida que é uma merda, que não és feliz, que precisas arranjar uma casa só para ti, que o teu pai não te compreende e castra a tua vontade de chegar mais longe. A tua mãe que te envergonha, a miúda que afinal não era assim tão espectacular e que exigia demasiado de ti. A cara amarrada, o sorriso bonito que já lá não mora, a auto comiseração que me irrita profundamente, a minha paciência que se esgota e um dia mando-te à merda. Os amigos também se cansam.
Precisas crescer, precisas tanto de crescer. Vais ser sempre infeliz, vais acabar atracado a uma gaja burra e limitada, como as mulheres dos teus pseudo amigos a quem tanto apontas o dedo. E vais, tal como eles, ter uma vida de merda. E não consegues perceber o óbvio, tens tudo para ser feliz, tudo! Mas não queres, recusas-te, preferes esconder a cabeça na areia e maldizer a vida, porque ser feliz dá trabalho. A tua felicidade depende só de ti, tens que a procurar todos os dias e não lhe vires as costas quando ela te bater à porta.
Ouve o que te digo, vai conhecer mundo, vai descobrir que a vida é mais, muito mais, do que dizer que estiveste lá. Não queiras que saibam que estiveste lá, não grites ao mundo que estás apaixonado (ou acreditas que estás), deixa que te baste sentir, é tão melhor. Não queiras uma mulher para mostrar aos teus amigos, não são eles que a vão levar para casa ao fim do dia. Não vivas pelos outros, vive por ti.

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