quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Dos filhos

Mais que um acto de coragem, ter filhos deve ser uma decisão ponderada. Apesar de adorar crianças e de ser uma derretida com bébés, decidi não ter filhos, nunca senti verdadeiramente o apelo da maternidade e sei que teria sérias dificuldades em educar uma criança no Mundo de hoje.
Mas vem isto a propósito de uma mulher com quem me cruzo de quando em vez, eu de carro, ela a pé com uma criança de não mais que 2 anos pela mão. Percebe-se que esta mulher tem uma ligeira deficiência motora e, quer-me mesmo parecer que padece também de um qualquer alheamento. Sempre que a vejo traz a criança pela mão, dá para perceber que é uma pessoa de origens humildes e que deve ter sérias dificuldades de sobrevivência. Mas o que me prende de todas as vezes que a vejo, é a doçura dos gestos que tem para com o menino e a tranquilidade estampada no rosto daquela criança. A preocupação daquela mãe em passar a criança para o lado de dentro da berma depois de atravessar a rua, a doçura com que lhe pega pela mão, o ar alheado com que o olha, mas ao mesmo tempo tão cheio de amor. E isso comove-me profundamente.
Aquela criança pode não ter sido planeada  (que certamente não o foi), pode não vir a ter uma vida cheia de brinquedos e de consolas de jogos, pode não vir a frequentar as melhores escolas, mas vai com toda a certeza saber o que é ser amado e receber o carinho que tantas vezes vejo faltar a filhos de pais perfeitamente orientados e sem qualquer dificuldade financeira.
E é isso, para mim, o mais importante na arte de criar um filho, saber dar-lhes carinho e fazê-los saber todos os dias, nos pequenos gestos, o quanto são amados.

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